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"Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem... O ato de ver não é coisa natural, precisa ser aprendido. (Rubem alves)

domingo, 10 de julho de 2011

Sagrado, pecado, prazer.

Eu sentia a culpa pesar nos seus dedos enquanto ele me vestia, como uma boneca que ele já não quer mais usar, e lembrando cada carícia senti o prazer que sentiu ele ao me despir, me descobrir, me aproveitar como um presente dado por um desconhecido, sem propósito, sem destino ou direção, sem vontade ou opção, como uma luz que ele simplesmente alcançou e fez-se cegar por vontade própria, fez-se cegar por fechar os olhos e tocar uma alma que estava bem a sua frente, uma alma sólida com um aroma doce e pesado, uma alma inteira ao seu dispor.
E como uma alma que era vagabunda , vivia a procura de algo para aquecer sua solidão, como brisa que precisa de calor para não se solidificar, a alma vagabunda achou abrigo, achou núcleo sólido em corpo, perna e cheiro de outra alma que também já lhe procurava neste mundo. Agora por fim se contemplam do seu doce pecado e da alegria que o próprio lhe concedeu, agradece a todos os deuses e demônios que a esse momento lhe empurraram, ao vesti-la, ao vestir-me se despede do seu devaneio de alegria, se culpa por tanto prazer e felicidade, e volta a perambular em busca daquela alma que um dia despiu e vestiu, alma a qual deixou escapar por adormecer, adormecer no cansaço de felicidade, busca em almas sem brilho a luz que só havia e há em uma alma, em minha alma, essa também adormeceu de tanta saudade, essa alma que nem sabe onde descansa.
são almas que um dia se juntaram, em um corpo só, um desejo só, um pesar de culpa único.

Morgana araújo.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

(ouvindo: costumes - Paula fernandes)

já ouvi dizer, que saudade é dor bonita pois só se tem saudade de coisas que foram boas, acho que quem diz nunca a sentiu, pra quem sente, essas palavras até agridem, não existe nada mais torturante que essa traiçoeira , é sentimento que vem sem ser chamado, o que mais doí não é a falta do que foi bom, é a falta do que poderia ter sido bom, quando se imagina o que poderia ter sido, se sente uma chicoteada nas feridas, que por o cheiro, o amargo do sangue chega ao nosso paladar, as tardes alegres, ou noites de chuva, são os fatos mais simples, são eles os mais sufocantes, pior que amor não correspondido é saudade não correspondida, ela te joga no chão e vai te pisando, no fim você apenas sente seu peito, não o sente, ouve ele, são pulsares leves, pulsares implorantes, são pulsares fracos, como é fraca a força de se reerguer, depois de algum tempo você se recupera, lava o rosto, sai pra respirar, e sorrir pra todos, sorrir calada, aí sim, você conhece o que é saudade, saudade é a dormência que vem depois de uma lacuna feita no seu peito, lacuna que nunca, com tempo nenhum vai ser preenchida, serão novos mundos, novas conversas, novas felicidades, e sempre no mesmo peito, onde há felicidade e amor, há também lacunas deixadas pelo tempo, lacunas onde só se pode morar silêncio.


Morgana araújo.

domingo, 26 de junho de 2011

(ouvindo-tiê assinado eu )

as vezes você espera ouvir alguma coisa, que sabe que nunca vai entender, alguma coisa dentre outras que você já ouve tanto, e espera tanto que sua alma sufoca, falta ar ...
e tantas outras coisas veem, e outras tantas te tocam, te sentem, mais falta, falta ...
eu não me importo de ir embora, não me importo desde que eu deixe um cheiro bom, uma bela poesia, e com todo desejo e minha alma presa, um bilhete, uma poesia, ali eu viverei pra sempre.
não sei bem qual será meu futuro, se meus desejos serão satisfeito, assim como não sei quais são eles ...
(vivemos enquanto somos lembrados, não morremos enquanto não nos esquecem as pessoas que nos rodeiam, nossas vozes soarão em todas as manhã que um peito gritar de saudade)
Não morrerei enquanto existir papéis, paginas, com um pedacinho de alma minha, não morrerei enquanto esse vento que me toca parar de girar e levar meu cheiro, e mesmo que eu não esteja aqui, meu cheiro circulará em algum lugar com o vento ...
eu desabrocharei sempre que o vento soprar em seu rosto, eu te tocarei sempre que alguém sentir o vento roçar em sua pele.

Morgana araújo